domingo, 4 de dezembro de 2016

o abuso maquiado

Ao longo do tempo muito percebia, discordava e opinava sobre os relacionamentos de pessoas que conhecia, e pouco refleti sobre os relacionamentos (que não foram muitos) que tive.
Relações abusivas deixam para além do constrangimento momentâneo (para você e os que estão próximo),  deixam marcas e sequelas - tanto físicas, quanto psicológicas.
Demorei para perceber que aquilo que eu mais temia, já havia acontecido comigo e sei que várias mulheres passam por isso com uma certa frequência, e é ignorado ou tido como brincadeira ou ciúme um tanto excessivo por amigos e parentes.
Passei quatro longos anos após o fim de um certo relacionamento para que, com tranquilidade e clareza, pudesse perceber que toda exposição (durante e pós,  eram sem nenhum tipo de pudor) com conversas 'bestiais' ou comentários 'ingênuos', nada mais eram que uma (das mais variadas) forma de denigrir minha imagem, e claro, todas as conversas eram abordadas (principalmente) com os 'amigos' próximos, pois sempre eu fui a louca, ciumenta e descontrolada.
Diante disso, coloco tal afirmativa, existe uma linha tênue entre as relações abusivas (psicológica) e a violência (física) cometida de maneira assídua contra as mulheres - falo principalmente das mulheres  além pela obviedade de ser uma, pelo fato de a sociedade acreditar ter poder de decisão e escolha sobre nossos corpos, o que aparentemente permite que os parceiros cometam esse tipo de atitude, assim como permitiu se perpetuar ao longo do tempo.
Essa linha tênue entre o abuso psicológico e o físico, faz crescer cotidianamente o número de mulheres assassinadas, que transformam-se apenas em estatística, já que não existe qualquer meio de resguardar sua vida ou saúde mental e física.
Mas claro, os homens também são vítimas de tais abusos,  e mesmo que em menor proporção, não significa que seja admissível.
Como pode alguém  que se diz amar, abalar de tal forma a estrutura psicológica de outrem e sair impune?